Há uns dias atrás fiz um pequeno desabafo no facebook…que havia alturas, momentos, em que pensava se não seria melhor colocar o “ponto final” neste blogue. Atenção, eu não estou a pensar em fazê-lo, foi só um desabafo. E porquê? Vou ser muito honesta. Quando comecei este blogue, há pouco mais de sete anos, poucos eram os blogues de culinária. Todos nos conhecíamos uns aos outros, e os blogues serviam efetivamente para partilhar receitas, ideias, sugestões, ingredientes… Mas em sete anos muitas coisas evoluíram. E nem sempre – e esta é a minha opinião – as coisas evoluem bem. Começaram a aparecer blogues, muitos blogues, dos mais variados temas e correntes. E começou a notoriedade dos blogues. E alguns blogues passaram a ser referências. Passaram a ser falados fora da “blogosfera”. Passaram os seus autores a serem conhecidos, a terem programas e rubricas na tv, livros editados, notoriedade, reportagens, referências. As marcas começaram a reparar nisso, e viram nos blogues uma maneira ideal de publicitarem diretamente ao seu consumidor final. Se eram baby blogues, toca de publicitar marcas infantis, de culinária produtos alimentares, de moda e lifestyle maquilhagem, cremes e afins… Até aqui tudo bem, quem não iria aproveitar estas oportunidades… Mas ao mesmo tempo que tudo isto surge, tudo se lembrou que também queria um blogue – fosse do que fosse, e consoante os seus interesses e especialidades. Porque eu também faço e sei fazer, mas principalmente porque todos passaram a querer os seus 5 minutos de fama. E a “blogosfera” nacional encheu-se de blogue e mais blogues (de todos os tipos!), muitos deles a “copiarem” registos já existentes muitos numa tentativa de terem o mesmo sucesso, os mesmos convites, as mesmas festas, as mesmas ofertas e as mesmas oportunidades que os seus ídolos blogosféricos. Não me interpretem mal. Ninguém tem mais direitos que ninguém, e cada um é livre de fazer o que quer e como quer, pois ainda vivemos numa sociedade livre.
Mas depois de passarmos algumas horas pelos blogues portugueses, parece que vimos vezes sem conta as mesmas ideias, as mesmas coisas copiadas por uns e por outros.
Os blogues deixaram de ser pessoais, e de refletirem os seus autores e as suas vivências. Na maioria das vezes aparecem textos mecanizados à custa da publicidade obrigatória que têm de fazer, umas vezes mais disfarçada do que outras. E perdeu-se a inocência da blogosfera, de textos que eram escritos diretamente da alma para serem apreciados. Textos que eram especiais e originais, muitas vezes opiniões pessoais do dia a dia, fossem eles de moda, lifestyle, de política ou simplesmente para falar sobre os filhos ou de culinária.
Iniciei este blogue numa ideia de partilha de receitas e até de ajuda a quem não gosta tanto de cozinhar. A minha intenção era tão inocente e ingénua, principalmente se a virmos aos olhos da maioria dos blogues de hoje. E por isso dou por mim a perguntar, às vezes, se ainda fará sentido, nesta blogosfera que “cresceu”, e deixou já a sua inocência e ingenuidade de lado, este blogue existir. Porque aqui, eu ainda gosto que exista alguma inocência e ingenuidade. (E claro que aqui às vezes também de fala de produtos e marcas, mas com contenção gente, contenção!)
Será que o conceito deste blogue continua a fazer sentido? Chego à conclusão que sim. Porque este é um blogue para quem realmente cozinha todos os dias, com ingredientes da época e acessíveis a quase todos. Muitas vezes coisas normais, em dias especiais um bocadinho mais extravagante. Com fotos melhorzinhas, quando há tempo para isso, e fotos pirosas quando são tiradas a correr porque temos de jantar, a luz já não é boa, não há tempo para floreados e estão as pessoas à espera. É um blogue que me reflete a mim, que “sou lagartixa e jamais chegarei a jacaré”, parafraseando alguém que gosto muito de ler.
Por isso, por aqui vê-se pouco das grandes mudanças e crescimento da blogosfera nacional. Continua a voar-se baixinho e sem esperar muita coisa. E a acreditar que não devo julgar os outros (apesar de o estar a fazer um bocadinho), pois cada um é livre de seguir o seu caminho, apesar de não ser fã do que se passa por aí. Infelizmente é o reflexo da nossa sociedade, da corrida aos 5 minutos de fama a que todos achamos ter direito.
A vocês, os melhores leitores do mundo e que ficaram muito aflitos quando leram o meu desabafo de ter dias em que me apetecer colocar “the end” no blogue, estejam descansados. Estou aqui para continuar. Porque parece-me que para muitos de nós, este conceito inocente de partilha e de realidade ainda faz sentido. E porque vos devo muito…

Ingredientes para 2 pessoas:

75g de noodles (massa chinesa)
2 colheres de sopa de molho de soja
1 malagueta vermelha tipo chilli
1 chávena de couve roxa cortada em juliana fina
1 chávena de couve coração cortada em juliana fina
½ pimento verde
2 dentes de alho
1 mão cheia de espinafres frescos
1 cebola pequena
3 bifanas de porco
1 colher de sopa de molho teriaki
1 colher de sobremesa de sementes de sésamo
2 colheres de sopa de óleo vegetal
Coentros frescos para decorar

Preparação:

Leve os noodles a cozer em água a ferver temperada de sal.
Corte as bifanas em cubinhos e tempere-as com metade do molho de soja, o molho teriaki e as sementes de sésamo.
Abra a malagueta ao meio e retire-lhe as sementes. Corte-a depois em tirinhas e junte metade à carne de porco misturando bem. Reserve a outra metade para os noodles.
Entretanto corte o pimento verde em tirinhas e a cebola em meias luas finas. Pique os dentes de alho.
Leve uma frigideira ou wok ao lume com 1 colher de sopa de óleo vegetal e junte os dentes de alho e a malagueta reservada. Deixe fritar 1 minuto, mexendo sempre, e junte depois a cebola, o pimento, as couves e deixe saltear de modo a que os legumes fiquem cozinhados mas ainda crocantes. Acrescente agora os noodles previamente escorridos, e as folhas de espinafres. Envolva bem todos os ingredientes e tempere com o restante molho de soja. Retire e reserve.
Limpe com papel absorvente a frigideira ou wok que usou e acrescente o restante óleo vegetal. Deixe aquecer e junte a carne de porco e a marinada. Deixe cozinhar até que a carne esteja macia e a marinada ligeiramente xaroposa.
Sirva os noodles com a carne de porco polvilhada com um pouco de coentros frescos picados.

Bom Apetite!

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